Palestrante

ALEXANDRE BETINARDI STRAPASSON

Alexandre Strapasson é Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB). É Ph.D. em Energia e Meio Ambiente pelo Imperial College de Londres, com pós-doutorado pela Universidade de Harvard. Foi pesquisador do Belfer Center em Harvard, professor honorário do Imperial College, professor visitante do IFP School em Paris e consultor internacional. Anteriormente, foi Diretor do Departamento de Agroenergia e Secretário-Substituto no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Consultor do PNUD para energia, ozônio e clima no Ministério do Meio Ambiente (MMA). Atua nas áreas de mudança do clima, transição energética, bioeconomia, modelagem ambiental e inovação tecnológica.

Mudança do clima e qualidade ambiental

Mudanças comportamentais, como a adoção de novos hábitos alimentares, meios de transporte e redução de desperdícios, podem trazer benefícios conjuntos para melhoria da qualidade de vida dos indivíduos e mitigação da mudança do clima. Para demonstrar e quantificar tais impactos, foram utilizados modelos integrados, baseados em dinâmica de sistemas, chamados Calculadoras 2050, disponíveis em escala global, regional e nacional, para diversos países, inclusive o Brasil. Há vários benefícios possíveis de serem obtidos entre os diversosparâmetros e variáveis analisadas. No caso da Calculadora Europeia, por exemplo, há uma redução dos índices de mortalidade devido à melhoria da qualidade do ar, pela redução materiais particulados, indiretamente obtida pela mitigação de emissões de gases de efeito estufa, seja pela adoção de veículos elétricosou pelo favorecimento do transporte público. A Calculadora Global possibilita fazer simulações com relação ao padrão de dieta dos indivíduos. O consumo excessivo de carnes está associado à uma maior incidência de problemas de saúde na população, inclusive cardiovasculares e oncológicos, ao passo que uma redução do consumo de carnes per capita, sobretudo de animais ruminantes, pode reduzir significativamente as emissões, ao evitar a liberação de gás metano em processos de fermentação entérica e ao reduzir a demanda por áreas de pastagem e grãos destinados à ração animal. A adoção de sistemas agropecuários mais eficientes pode reduzir tais impactos, porém a liberação dessas áreas para novos usos do solo, como o reflorestamento e a bioenergia, resulta em remoções e reduções mais significativas das emissões de carbono. Portanto, numa perspectiva sistêmica, há vários ganhos de escala possíveis de serem obtidos por mudanças comportamentais da sociedade, em sinergia com a melhoria da qualidade de vida e ambiental, com dinâmicas integradas via sistemas complexos.

Nota: as Calculadoras 2050 estão disponíveis em: https://www.imperial.ac.uk/2050-calculator


Anfiteatro B   Mesa redonda 6 - A saúde ambiental no Brasil – A quantas anda? - 06/07/2023 16:20 - 17:40